O meu nome é Dmitri ………., tenho 20 anos e nasci na Ucrânia.
Vim para Portugal com dez anos. Os meus pais e os meus avós
sempre foram ateus. Apenas a minha avó paterna, que nasceu em Leninegrado, teve
algum contacto com a religião. Embora adore minha avó, infelizmente convivi
muito pouco com ela.
Quando cheguei a Portugal entrei para a escola EB 2,3 …………….
Aí, pela primeira vez tive contacto com colegas da minha idade que são crentes
de uma religião – a religião católica.
Comecei a fazer amigos e a acompanhar com eles. Como eles
frequentavam a catequese, comecei a ir com eles até à igreja, contra vontade
dos meus pais. Inicialmente não permitiam que eu assistisse às aulas de
catequese, mas, com o passar do tempo, uma catequista, a Dra. Arminda, começou a
convidar-me para assistir às aulas. Eu ia se me apetecia, assistia o tempo que
queria, saía quando quisesse.
Nos primeiros tempos
a minha mãe ficou furiosa, mas acabou por se acostumar e até dizia: enquanto
estás lá sei onde estás.
Ao fim do primeiro ano (para mim era o primeiro contacto com
a religião, mas os meus colegas estavam no sexo ano da catequese), durante o
qual assisti a poucas aulas e nem sempre entendia tudo o que me diziam, fui com
esse amigos a um passeio da catequese a Fátima. Os meus deram consentimento sem
nenhumas reservas. Para mim era divertido e comecei a sentir-me bem.
No ano seguinte pedi aos meus pais para me deixarem entrar
para a catequese. A minha mãe fez os possíveis para me desincentivar. O meu pai
nunca se preocupou, para ele a igreja e o jardim público mereciam-lhe o mesmo
respeito e consideração.
(…)
Apresentei-me então na catequese. Mas, afinal as coisas não funcionavam
assim e eu não podia frequentar a catequese da forma que estava habituado, por
não ser batizado.
Não desisti. Consegui autorização para continuar a frequentar
a catequese e, com ajuda de uma pessoa excepcional, a Sónia, aos 16 anos fui
batizado e fiz a Primeira Comunhão. Daí segui o percurso de um cristão igual ao
milhões de jovens, passei sentir-me membro da comunidade, um cidadão do mundo,
e ser ucraniano ou português não fazia diferença.
(…)
A minha mãe não é batizada mas vai muitas vezes à igreja. O
meu pai, o melhor pai do mundo e que só agora aprendeu a ler português, lê
muito sobre religião, já foi a Fátima comigo duas vezes e, depois de me
perguntar o que dizem as pessoas quando estão na igreja a mexer com os lábios,
confessou que tem muito orgulho em ter um filho católico e, “ao contrário da
lógica, o filho serve de exemplo para o pai”, disse-me, enquanto mostrou
interesse em ser baptizado.
As minhas irmãs já frequentam a catequese, por vontade própria
e com autorização dos meus pais.
Eu sinto-me feliz. Estou no curso que gosto, na faculdade
que eu queria, tenho uma família maravilhosa, uma super namorada portuguesa e
espero casar-me pela igreja quando a vida o permitir.
(…)
Eu já fui ateu e agora sou crente. Acho que aquilo que vocês
dizem não se aplica a todos os ateus. E, algumas das vossas generalizações são
injustas para com aqueles que são ateus educados e sérios.
Mas também concordo que, normalmente, as pessoas são ateias
por ignorância.
(…)
Se quiserem publicar este mais façam-no apenas do que está
em itálico e sem apelidos.