Encontrei,
algures na Internet, um excelente texto sobre a falsa laicidade e sobre o
embuste que é a tentativa de doutrinação ateia da ciência.
Que
fique claro, desde já, que a ciência não é religiosa nem ateia, a ciência não
serve os princípios ideológico- filosóficos das religiões nem do ateísmo. Ou
seja, o ateísmo é tão compatível com a ciência como a religião, aquele não está
mais próxima da ciência do que esta, nem o ateísmo pode argumentar com mais
autoridade do que a religião com base na ciência. Quando digo “religião”,
refiro-me a religião em abstracto, ou seja, toda e qualquer religião, e não à
religião católica em exclusivo.
Escrevia,
e muito bem, Fábio Régio Bento*:
Há
quem confunda laicidade, de Estado laico, com laicismo. Laicidade é
uma virtude da democracia, e laicismo é um vício contra a democracia.
(…) O Estado Laico não é contra as religiões, mas a favor da
liberdade religiosa. A laicidade é a favor da liberdade religiosa. O
laicismo é que é contra as religiões, contra a liberdade religiosa, contra a democracia.
O
contrário do Estado Laico é o Estado Confessional, quando o Estado escolhe um
credo religioso como credo oficial do Estado. Ora, se o Estado escolhesse o
ateísmo como seu credo oficial, ele não seria mais laico, mas confessional.
O mesmo vale para universidades e ciência, espaços,
experiências de análise, não de intolerância crente ou ateísta.
Vale realçar que o laicismo é, efetivamente, dirigido contra as pessoas, a
liberdade, a democracia e as religiões. As correntes neo-ateístas são
fortemente laicistas, o intuito maior
destes neo-ateus é a desconstrução da sociedade, da sua cultura e dos seus valores,
impondo-se de forma antidemocrática e contrariando a liberdade.
Dawkins é um dos mentores desse cancro civilizacional que se chama
neo-ateismo e enferma a saúde da mais básica estrutura da democracia e da
liberdade, que representa a construção maior e mais valiosa da cultura
ocidental. Felizmente essa peste têm afectado apenas uma ínfima parte da
sociedade, já debilitada na vivência social e cultural, um apêndice social,
civilizacionalmente doente, de costumes dúbios e mente pouco sadia – os ateus.
Mas, continua o citado autor:
O
ateísmo não é a religião oficial da ciência. A ciência é um método,
leigo, agnóstico de investigação empírica, e pode ser usada por crentes ou
ateus, que se desapegam profissionalmente de seus valores, sem abrir mão deles.
É necessário e urgente clarificar que o ateísmo não é a opinião religiosa
da ciência, nem se pode ligar a visão subjectiva e contingente do ateísta a uma
validação objectiva da ciência.
Há que expulsar e combater os fundamentalistas que tentam suportar
ideologias em fundamentos científicos, pois assim nasceu e medrou o nazismo, o
comunismo, e outras barbáries.
O autor citado remata com um constatação óbvia e que nenhum académico
honesto e instruído pode impugnar:
Há
bons pesquisadores ateus, e bons pesquisadores cristãos, espíritas, budistas,
muçulmanos, deístas (…) Cruzadas de ateus em nome de uma ciência que não é
ciência são tão enfadonhas quanto cruzadas de crentes.
Em uma
universidade leiga, religião não é para ser exaltada nem combatida, mas
estudada, analisada como fenômeno social caracterizado pela complexidade. (…)
Pode ser analisada do ponto de vista antropológico, político, sociológico, econômico.
Estas
também são as razões que me levam a condenar o ateísmo e me obrigam a combater
o neo-ateísmo, tal como os autores deste Portal.
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fonte: http://www.notisul.com.br/n/colunas/o_ateismo_nao_e_a_religiao_oficial_da_ciencia-34432
D.
Lopes
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